Trilha Business Model Canvas: Cliente

Dentre as diversas ferramentas de planejamento existentes o Business Model Canvas tem se destacado por ser visual e de fácil entendimento por parte das equipes.

Foi desenvolvido em 2010 por Alexander Osterwalder e ainda gera muitas dúvidas nos empreendedores e empresários em como prepara-lo.

Por isso, iremos apresentar detalhadamente o que se espera em cada quadrante do Business Model Canvas e como organizá-lo para que o planejado se torne realizado.

Começaremos pelos Clientes!

Fonte: Mimi Thiani

Antes de mais nada, uma empresa que deseja ter sucesso no futuro precisa definir quem é o cliente que deseja atender.  Isto significa, em termos de Marketing, segmentar o seu mercado de atuação.

É preciso compreender que o mercado é composto por grupos de potenciais compradores de um produto ou serviço e segmenta-lo representa um esforço para aumentar a precisão de alvo de uma empresa (Kotler, 2003).

Kotler propõe um passo a passo para realizar a segmentação de mercado e assim ser mais assertivo na escolha do público alvo:

Para Segmentar o Mercado Alvo é utilizado as seguintes bases:

Tipo de negociação: pessoa física (consumidores em geral – B2C), pessoa jurídica (empresas, instituições, organizações não governamentais – B2B) ou governo (B2G).

Segmentação geográfica: aqui o empreendedor define se inicialmente ele irá atender uma cidade, um estado, um bairro ou uma região específica. É importante compreender que esta pode ser uma divisão inicial, porém todo negócio precisa pensar de forma global e assim extrapolar as fronteiras territoriais. A segmentação geográfica pode ser utilizada para todos os tipos de negociação.

Segmentação demográfica: neste cenário, quando se trata de pessoa física, o empreendedor escolhe o público alvo pela idade, tamanho da família, sexo, rendimentos e nível de instrução. Se a negociação é com pessoa jurídica, se divide em porte da empresa, quantidade de colaboradores, faturamento anual, etc.

Segmentação psicografia: em se tratando de negociações B2C, os compradores são divididos em diferentes grupos, com base no estilo de vida, personalidade e valores. Já em negociações B2B levamos em consideração o setor de atuação da empresa, o perfil de clientes que costuma atender e a cultura da empresa.

Segmentação comportamental: neste caso os compradores pessoa física e jurídica são divididos em grupos com base em seus conhecimentos de um produto e sua atitude em relação eles.

Uma boa segmentação de mercado para definição do cliente leva em consideração no mínimo duas variáveis ou atributos aqui apresentados.

Levantar todas estas informações auxilia na escolha do mercado alvo, que deve levar em consideração dois fatores principais:

  • Atratividade global do segmento;
  • Os objetivos e recursos da startup ou empresa.

A atratividade de um segmento de mercado pode ser avaliado respondendo as seguintes perguntas:

  • O segmento é grande o suficiente?
  • Está em crescimento?
  • Pode ser atendido lucrativamente?
  • Como são as barreiras de entrada?
  • Qual o nível de estabilidade?

Tudo isto, levando em consideração qual o objetivo e quanto a empresa ou startup tem de recurso. Isto é mais importante do que escolher um mercado em crescimento, já que caso o empreendedor não meça os recursos que tem, corresse o risco de não conseguir atender o mercado e assim cair em descrédito, desqualificando a empresa ou startup.

O ideal é ter-se um equilíbrio entre o cliente escolhido para atender e a capacidade de atendimento da empresa naquele momento, desejando a estratégia de quem se deseja atender no futuro e como a empresa conseguirá chegar nele.

É importante ressaltar que a escolha de um público alvo não excluí as demais possibilidades de vendas do produto/ serviço. O objetivo de se definir corretamente quem é o cliente está em saber como se comunicar com ele no futuro.

Quanto mais definido tiver o “quem é o cliente”, mais fácil será atender as necessidades dele. Lembrem-se que “se não mirarmos corretamente não acertaremos o alvo”!

O cliente sempre tem razão?

Esta uma questão amplamente discutida no marketing, afinal de contas o cliente é quem mantem financeiramente a estrutura da empresa em pleno funcionamento!

O problema é que estas discussões ficam sempre no que acontece durante o ciclo de vendas (pré-venda – efetivação da venda e pós-venda) e ninguém discute esta “razão do cliente” antes da elaboração do produto ou serviço final.

Um exemplo disto é o aumento das marmitas. Já pensou qual é o real motivo das pessoas carregarem marmitas saudáveis (mesmo as que possuem boas condições financeiras) ao invés de comerem em restaurantes? Sei que na maior parte das vezes é a própria nutricionista que recomenda ao cliente cozinhar seu próprio alimento, devido ao exagero de temperos, gorduras saturadas e combinações de pratos que os restaurantes usam.

Muito bem, já sabemos disto tudo, mas me parece que alguns donos de restaurante ainda não entenderam isto e caem na tentação de promoções, vender mais barato ou comprar produtos de qualidade ruim para diminuírem seus custos.

Conseguiram perceber uma descombinação entre a necessidade e desejo do cliente e o que a empresa está oferecendo? E então, o cliente tem ou não razão?

(Este mesmo exemplo vale para diversos outros tipos de produtos e serviços, usei este porque é mais simples de perceber as nuances).

Se a empresa não consegue atender o cliente no que ele precisa, ela o perde, e muitas vezes sem se quer saber o motivo. Buscar diferenciação é mais do que apenas oferecer um “plus” do produto ou serviço, é entregar para o cliente o que ele busca sem que precise dar um “jeitinho” para usar.

Tudo isto para afirmar que o cliente é fundamental para uma empresa desde a idealização do produto e serviço não podendo ser esquecido em nenhum momento do processo de desenvolvimento do plano de negócios, pois a cada esquecimento é um passo dado ao caminho do insucesso!