Inovação Fechada: Controle Interno e Proteção de Segredos Industriais

Por Sandra Elisabeth

A inovação fechada é um modelo tradicional onde as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) são realizadas exclusivamente dentro da empresa, sem colaboração externa.

Este modelo foi predominante até o início dos anos 2000, quando as empresas começaram a perceber as limitações dessa abordagem, especialmente em termos de custos elevados e ciclos de vida de produtos cada vez mais curtos.

De acordo com Chesbrough (2006), nos modelos de inovação fechada, todo o risco e custo fica por conta de uma única empresa, o que não acontece nos modelos de inovação aberta, como demonstrada na figura abaixo:

Fonte: Adaptado de Chesbrough (2006) cap 1

Entre as características da Inovação Fechada estão:

  • Controle Interno: Todas as ideias e desenvolvimentos são gerados e geridos internamente.
  • Segurança e Sigilo: A empresa mantém controle total sobre suas inovações, protegendo-as de concorrentes.
  • Recursos Próprios: Utilização exclusiva dos recursos internos da empresa para P&D.

A Coca-Cola é um exemplo clássico de uma empresa que historicamente utilizou o modelo de inovação fechada. A fórmula secreta da Coca-Cola é um dos segredos comerciais mais bem guardados do mundo, exemplificando a abordagem de inovação fechada. A empresa mantém centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em várias partes do mundo, onde desenvolve novos produtos e aprimora os existentes sem a colaboração externa.

Enquanto a inovação fechada foca no controle interno e na proteção de segredos comerciais, a inovação aberta promove a colaboração externa e o compartilhamento de ideias para acelerar o processo de inovação. Empresas que adotam a inovação aberta, como muitas startups de tecnologia, frequentemente colaboram com universidades, outras empresas e até mesmo com seus clientes para desenvolver novos produtos e serviços.

A inovação fechada tem suas vantagens, especialmente em termos de controle e proteção de propriedade intelectual. No entanto, com o avanço da globalização e da tecnologia, muitas empresas estão migrando para modelos de inovação aberta para se manterem competitivas. A Coca-Cola, por exemplo, apesar de sua abordagem tradicional, também tem explorado novas formas de inovação para se adaptar às mudanças do mercado.

Inovação Aberta: Transformando Ideias em Realidade

Por Sandra Elisabeth

A inovação aberta, conforme definida por Henry Chesbrough (2006), é o uso intencional de entradas e saídas de conhecimento para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para uso externo da inovação, sugerindo que as empresas devem utilizar tanto ideias externas quanto internas, além de caminhos internos e externos para o mercado, a fim de avançar em suas tecnologias.

O processo começa com uma avaliação interna detalhada e benchmarking para entender o estado atual do modelo de negócios, sendo necessária para identificar pontos fortes e áreas de melhoria. Na sequência, as empresas que desejam inovar de forma aberta precisam integrar suas ideias e tecnologias com a de parceiros externos, gerindo eficazmente a propriedade intelectual, buscando, se preciso, serviços de licenciamento e proteção de PI para garantir que suas inovações estejam seguras e bem aproveitadas.

Desenvolver produtos baseados em inovação aberta é importante para manter a competitividade, pois os modelos tradicionais tornaram-se obsoletos, já que os modelos de negócios evoluíram de sistemas fechados para sistemas mais abertos e colaborativos, impulsionados pela globalização e avanços tecnológicos.

Empresas que adotam a inovação aberta podem obter uma vantagem competitiva significativa, acessando uma gama mais ampla de ideias e tecnologias, o que pode acelerar o processo de inovação e permitir o lançamento de novos produtos e serviços mais rapidamente.

Ainda no conceito de inovação aberta, tem-se a democratização da inovação, que trata da inovação centrada no usuário, permitindo o desenvolvimento de novos produtos e serviços por conta própria, graças aos avanços na tecnologia da informação e comunicação. Nestes casos, comunidades de inovação e usuários líderes desempenham um papel crucial, compartilhando livremente suas inovações e criando um rico “commons” intelectual.

Neste cenário, os ecossistemas de inovação se tornam redes de organizações interconectadas que colaboram e competem ao mesmo tempo para criar e capturar valor, incluindo empresas, universidades, instituições de pesquisa, governos e outras entidades. A estrutura de um ecossistema de inovação é complexa e envolve múltiplos níveis de interação, com fronteiras organizacionais fluidas que permitem a troca de conhecimento e recursos entre os participantes.

A gestão destas redes e a criação de valor são importantes para maximizar a eficiência e a eficácia da inovação, sendo necessário que as empresas alisem seu ecossistema para identificar oportunidades e ameaças, criar estratégias que aproveitem as forças do ecossistema e considerar as dinâmicas de cooperação e competição simultâneas na execução de estratégias de inovação.

Isto porque, estas redes de colaboração e parcerias estratégicas são fundamentais para a inovação aberta, permitindo acesso a conhecimento externo, compartilhamento de riscos, complementaridade de recursos e criação de ecossistemas de inovação. Colaborar com outras organizações pode aumentar a competitividade das empresas, permitindo-lhes responder mais rapidamente às mudanças do mercado e às demandas dos clientes.

Portanto, a inovação aberta se apresenta como um paradigma indispensável para empresas que buscam se manter competitivas e relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico. Ao abraçar a colaboração externa, gerenciar eficazmente a propriedade intelectual e integrar-se em ecossistemas de inovação, as empresas não só aceleram o desenvolvimento de novos produtos e serviços, como também fortalecem sua capacidade de adaptação e resposta às transformações do mercado. Assim, investir em inovação aberta não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade para prosperar na era da informação e da globalização.

Propriedade Intelectual

Por Sandra Elisabeth

A propriedade intelectual (PI) é um tema crucial para startups, especialmente aquelas focadas em inovação e entender seus conceitos, vantagens e desvantagens pode ser a chave para o sucesso e a sustentabilidade no mercado competitivo.

Propriedade intelectual refere-se aos direitos legais concedidos a indivíduos ou empresas sobre suas criações e esses direitos permitem que os criadores protejam suas invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes e imagens usados no comércio, podendo incluir patentes, marcas registradas, direitos autorais e segredos industriais.  

Entre as vantagens da Propriedade Intelectual estão a proteção legal, pode se tornar uma vantagem competitiva e ampliar a monetização com licenças.

As desvantagens podem ser custos elevados, a complexidade legal e o tempo de registro, que pode inclusive atrasar o lançamento de produtos e serviços, o que pode possibilitar em alguns casos que concorrentes lancem soluções que apesar de não serem iguais, podem ‘servir’ para a mesma finalidade, e ganharem o mercado.

Há ainda a dificuldade em proteger pequenas inovações, já que elas nem sempre são elegíveis para patentes, limitando a capacidade de uma startup proteger suas inovações.

A propriedade intelectual é uma ferramenta poderosa para startups de inovação incremental, oferecendo proteção e vantagens competitivas, mas também apresentando desafios significativos.